No dia em que visitámos a Universidade do Algarve, fizemos uma entrevista ao investigador Jorge Palma, da qual retírámos alguma informação.
Toda a informação relativa à Ria Formosa que se sabe até hoje, é devida aos estudos realizados por investigadores há sensivelmente seis anos atrás. Assim, os investigadores deste projecto do CCMar irão realizar estudos nos mesmos locais anteriormente analisados para verificarem a variação do número de indivíduos (e, consequentemente, compararem os resultados e chegar a uma conclusão para tal variação.) Pela observação dos anteriores investigadores e pela actual observação, os investigadores do CCMar concluíram que esta população está a diminuir.
Tínhamos curiosidade em saber se tal como a na ria Formosa, a população de cavalos-marinhos também estaria a diminuir.
Ria de Alvor:

- Pensa-se que as condições são mais adversas que as da ria Formosa por se tratar de uma zona de estuário. Embora possam ser tolerantes a variações de salinidade e de temperatura, em alturas em que essas variações forem mais acentuadas (épocas de cheias e enxurradas), estas podem pôr em risco a sobrevivência dos cavalos-marinhos. Para que haja uma maior estabilidade de salinidade, os cavalos-marinhos deslocam-se para zonas mais a jusante (mais junto ao mar), sendo que a ria Formosa proporciona melhores condições ambientais para esta espécie.
Relativamente à reprodução, foi possível ficar a saber alguns pormenores.
Reprodução - comportamentos de corte
Formação do casal:
Existe todo um comportamento entre o macho e a fêmea para a formação do casal que é diferente da maioria dos outros peixes, que libertam os seus ovos para a água e aí são fecundados, existindo pouca interacção entre o casal. Já nos cavalos-marinhos este facto não se verifica, visto haver uma grande interacção entre o macho e a fêmea.
Ocorre um conjunto de rituais no comportamento iniciado em 85% das vezes pelo macho para induzir a fêmea à doação dos ovos para o macho para que este os incube dentro da sua bolsa. Um dos comportamentos de corte é a mudança de cor por parte do macho para atrair a fêmea. Caso esta esteja receptiva responde da mesma forma, alterando também a sua cor.
Exemplo: um cavalo-marinho que era verde-azeitona, nestes rituais passa a ser praticamente branco-pérola.
Mantendo essa alteração de cor ocorre uma sincronização entre os sexos dos animais. Se a fêmea reagir positivamente, entrelaçam as caudas e começam a nadar deixando o abrigo durante cerca de um a três minutos repetindo o ritual quarenta a sessenta vezes durante um a três dias, desta forma dá-se a formação do casal.
Após a formação do casal:
A partir desta formação, já se encontram preparados para a cópula. Esta dá-se a partir de dois comportamentos: o macho dobra-se sobre si próprio de forma a hidratar a bolsa que irá conter os ovos e a fêmea coloca o seu focinho para cima de forma a doar os ovos (e assim o macho percebe que a fêmea vai doar os seus ovos), ambos emparelham-se frente a frente e sobem na coluna de água. Em seguida, separam-se, ainda na coluna de água emitindo os ovos da fêmea para o macho. Durante a cópula os cavalos-marinhos encontram-se mais expostos aos predadores, devido às alterações de cor e ao facto de estes se encontrarem numa zona mais perto da superfície. Retomam este comportamento na manhã seguinte para reforçar os laços do casal, não sendo necessário novos comportamentos de corte, pois este já está formado.
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